O ESPETÁCULO VAI COMEÇAR/ SOM DA LIBERDADE - RGM-56202-20250605
(Data do Envio: 05/06/2025)
Autor: Sawan Alves
Letra:
O ESPETÁCULO VAI COMEÇAR
Concentração!
O corre-corre se instalou.
O trabalho de meses está prestes a entrar na avenida.
Toda comunidade com os olhos brilhantes, em êxtase, pois o espetáculo vai começar!
O lamento é entoado pelos cantores e intérpretes, todos em um só coro vibram.
Blim- blim- blim das cordas correm pelas veias fazendo a multidão cantar ainda mais alto.
É nesse momento que a bateria chega incorporando e abrindo passagem para a comissão de frente.
Mestre-sala e Porta-bandeira com todo seu charme e elegância, conduzem com respeito o manto da escola, apresentando-a aos espectadores.
Perco-me no girar das baianas, suas saias rodadas encantam com o seu balanço e trazem à memória as antigas Tias Baianas.
Sankofa, retornar ao passado para ressignificar o presente e construir o futuro.
Todo legado e herança cultural se mostram presentes na Velha-guarda, que transmitem tradições da escola às crianças, às novas gerações.
O deslizar das(os) passistas com toda sua exuberância e samba no pé por toda extensão da passarela faz a plateia vibrar. Tenho certeza que muitos já pensaram em estar nesse lugar.
Setenta minutos se passaram como num piscar de olhos.
Campeões ou não, já está na hora de pensar no próximo ano.
Hilário Jovino Ferreira lá no Orum deve estar orgulhoso com tudo que está sendo realizado nas escolas de samba.
O espetáculo não pode acabar!
SOM DA LIBERDADE
E aí meu irmão, que tanto você se mexe nesse canto?
Hoje é dia de festa meu compadre, chegou a época de esticarmos os cordões, jogar confetes e cantar até se cansar.
Mas você não tem medo das repressões?! Fiquei sabendo que mais cedo bateram em um, só porque estava entoando marchinhas.
“Ô abre alas que eu quero passar, peço licença para poder desabafar”, se eu não for resistência como os meus mais velhos, onde eu vou parar!
Você tem razão meu irmão, só de labuta não se vive não. O carnaval chegou e pelas ruas se instalou. “Quem for bom de gosto mostre-se disposto, não procure encosto, tenha o riso posto, faça alegre o rosto, nada de desgosto.”
Lá na casa do patrão ele não gosta dessa época, porque os pretos ficam batucando, dançando e cantando pelas ruas. Mas já vi muitas vezes a patroinha tentando se balançar igual a nós.
É por isso que eu canto: “queres ou não/ sinhô, sinhô; vir pro cordão/ sinhô, sinhô; ser folião/ sinhô, sinhô.”
Há, há, há, e quem é que não vai querer dançar com esse batuque. Um som não só de festa, como de liberdade.
Tás certo meu irmão! Mas acho que está na hora de parar com a falação e cair no folião.
Trecho das canções Ô abre alas e Pelo telefone.